Durante muito tempo relutei em trocar o sofá da sala.
O que tinhamos aqui foi comprado logo que casamos, um sófa simples mas que recebeu muito bem às nossas visitas e acolheu por diversas vezes minha preguiça.
No começo achei besteira e perda de tempo, dinheiro jogado fora dizia. Pra que um sofá novo se o velho está tão bom. Mas minha mulher insistiu e compramos um novo modelo, todo cheio de articulações.
Estranhei na sexta-feira ao chegar em casa, o puff que morava ao lado do sofá antigo estava prendendo a porta por razões óbvias o novo modelo era muito maior, praticamente um Ford Fusion perto de um Gol, quando comparado ao velho laranjinha (isso mesmo o antigo sofá era laranja, ferrugem para ser mais exato).
Ainda com certo ar de desprezo me aproximei do novo morador, e fiz os primeiros testes. Foi amor a primeira vista. Nos dias que sucederam não me afastei mais dele. Minha mulher anda até preocupada porque não consegue mais me ver em outro lugar da casa.
Fascinante, a quebra dos nossos hábitos por vezes vem de lugares onde nem imaginamos, até mesmo de um sofá novinho em folha.
Quanto ao velho laranjinha, nem tive tempo de me despedir dele, provavelmente está muito bem instalado na casa de outra pessoa.