No Hero é o segundo livro produzido Mark Owen o mesmo autor de “No Easy Day” .
No hero conta a estória sobre como Mark se tornou SEAL.
Durante o tempo que serviu, Mark participou de importantes destacamentos, sendo que os mais conhecidos foi resgate do capitão Phillips e a Operação Lança de Netuno no Afeganistão responsável pela capturada de nada menos que Osama Bin Laden. (Coincidência ou não Operação Netuno, foi o nome dado a operação de desembarque na Normandia).
Você que começou a ler esse artigo pode me perguntar: – Ok, Iberê. O que um livro sobre um SEAL americano pode trazer de útil na minha vida.
Na verdade, acredito que o mais importante nesse livro não está no fato de ser ou não um militar americano mas sim, nas coisas que o autor aprendeu nessa jornada e como ele compartilha essa experiencia.
Nós lemos livros, ou assistimos canal do YouTube (como o DPFN), porque com informação nos tornamos pessoas melhores.
É sobre isso que trata esse artigo.
Destaquei alguns pontos no livro que quando bem observado sem dúvida nos tornam seres humanos melhores.
Determinação
A primeira e na minha opinião a lição mais importante que Mark nos passa no livro diz respeito a determinação.
Mark vivia no Alaska e é filho de uma família bem simples, mas desde cedo se interessou por ser SEAL. Lia livros, assistia a filmes colecionava objetos relacionados aos SEALs como todo aficionado por alguma coisa, até que de fato atingiu a idade e teve a oportunidade de entrar nas forças armadas onde seus sonhos começaram a tomar forma.
Durante esse tempo teve uma série de oportunidades bem mais atrativas naquele momento de vida, mas que não o levariam para o fim que ele desejava.
Mesmo assim, manteve o foco e a determinação para buscar o que queria até conseguir.
Determinação é como um motor 12 cilindros, ele á capaz de gerar uma quantidade incrível de energia e te levar para onde você precisa, mas por outro lado precisa estar sempre sendo abastecido.
Se você deixar acabar o combustível é bem provável que a determinação acabe e você abandone tudo aquilo com que você sonhou.
Eu pessoalmente posso atestar isso, da mesma forma que Mark sonhava com os SEALs eu sonhava com aviação. Aviação militar no Brasil não ia me satisfazer, queria estar com os grandes e a aviação comercial era o meu sonho.
Ler o livro vai te mostrar o que é ser determinado, continuar lendo esse texto vai te ensinar o que você não deve fazer quando você tem um sonho.
Sempre sonhei grande e na época, 30 anos atrás (exatamente) o top era piloto de 747 da VARIG. Hoje a Varig não existe mais e acredito que nenhuma companhia nacional opere o 747.
Com 16 anos eu mal sabia tirar um carro da garagem, mas sabia decolar e pousar um monomotor sem maiores dificuldades.
Estava no caminho certo até porque na época a única rota disponível pra mim era o Aeroclube de São Paulo.
No entanto, 3 anos depois as coisas começaram a se perder quando eu passei a dar mais importância para a experiencia dos outros do que ao meu próprio sonho.
E pior, com 19 anos pensei que estava no controle de alguma coisa ou mesmo dos eventos do meu próprio futuro.
Acabei abrindo mão e de certa forma me arrependo de não ter chegado lá e somente depois de ter vivido todas aquelas boas e más coisas que ouvi, ter decidido se deveria seguir ou não.
Se você tem um sonho, uma meta ou um objetivo, tenha certeza de que se você vai abrir mão dele é em função das coisas que você controla e não daquilo que você ACHA que pode acontecer no futuro.
Temos muita dificuldade em separar as coisas que realmente conseguimos controlar das coisas que achamos que controlamos e os eventos que o futuro e a vida trazem são totalmente inesperados e incontroláveis.
Isso nos leva a outro ponto do livro do Mark.
3 foot world
3 foot world (mundo dos 3 pés) se refere aos pontos de apoio que você mantém durante uma escalada.
Nesse momento nada mais importa a não ser a estrita concentração no presente, nos procedimentos e em qual serão os próximos passos.
No livro, Mark conta como ele aprendeu isso durante um treinamento em escalada no qual ele começou a divagar sobre a possibilidade de uma queda e nos eventos que isso poderia acarretar.
A possibilidade da queda e esses eventos não estavam sob seu controle e a única coisa com a qual ele deveria de fato se ocupar é onde seria o seu próximo ponto de apoio para seguir escalando.
Esse conceito não é novidade, os estoicos na Grécia já ensinavam sobre isso:
“Algumas coisas estão em nosso controle, enquanto outras não estão. Nós controlamos nossa opinião, escolha, desejo, aversão e, em outras palavras, tudo aquilo que é originado pelas nossas ações. Nós não controlamos nosso corpo, propriedade, reputação, posição e, em outras palavras, o que não é originado pelas nossas ações.
– Epictetus
Depois de milhares de anos ainda não conseguimos diferenciar o que está ou não sob nosso controle e a quantidade de problemas que isso nos traz entre medos infundados, crises de ansiedade, perda de concentração e julgamentos incorretos.
Ademais, o século XXI com esse incansável bombardeio de informações não tem facilitado em nada e é por isso que temos que ser lembrado por soldados americanos o que filósofos gregos nos ensinaram a mais de 2000 anos.
E por falar em informação, o livro do Mark traz mais um ponto no qual estamos falhando miseravelmente.
Comunicação
É impressionante como trocamos informação sem nos comunicar de forma adequada.
Somos muito bons em trocarmos uma serie de abobrinhas por meio das medias sociais e dos canais de comunicação que temos disponível, mas falhamos miseravelmente quanto ao seu conteúdo.
Nos comunicamos mal com nosso time no trabalho, com nossos filhos e com nossos pais.
No livro Mark comenta sobre uma espécie de reunião que é feita após cada missão onde de maneira aberta e sincera se comenta os pontos positivos e negativos de cada missão.
Nesse momento não há hierarquia e nem ressentimento só a troca sincera e aberta de informações com o único objetivo de melhorar individualmente em grupo com os erros e acertos.
No dia a dia de uma vida regular, evitamos o conflito ou os temas que não gostamos, tudo em nome de evitar situações desagradáveis e manter relacionamentos que no tempo se tornam cada vez mais artificiais depois de tanto ressentimento varrido para debaixo do tapete.
Por outro lado, comunicação não é simplesmente falar, mas também ter a capacidade de ouvi, sem se sentir ofendido ou ameaçado com a opinião alheia, mas tentar extrair o melhor para si ou para todos com base no que estão dizendo sobre você. Reconhecer seus erros com humildade e tentar ser cada vez melhor naquilo que faz e como pessoa.
Afinal é para isso que estamos aqui.
Agindo dessa forma você constrói confiança ao seu redor tanto de você para as pessoas como das pessoas com você.
Saber que você pode contar com sua equipe (seus filhos e família) e vice versa certamente é um aliado para os desafios que a vida trará.
E por falar em confiança isso nos traz para o último ponto que eu gostaria de destacar sobre o livro.
Swin buddy
Swin buddy é a versão da marinha para o melhor amigo.
Não estou falando dessa versão água com açúcar que os adolescentes de hoje em dia chamam de BFF (Best friend forever) e que geralmente vem seguindo de um coraçãozinho ou com mãozinhas fazendo coraçõezinhos.
Estou falando de amigos que podem enfiar o dedo na sua cara e dizer que está fazendo uma baita cag…. e que você é um grande FDP por estar fazendo ou agindo dessa ou dessa forma.
A via funciona nos dois sentidos, obviamente você deve fazer o mesmo com ele porque ele não espera nada menos do que isso da sua parte.
Essa não é uma tarefa fácil atualmente, se você tem alguém que possa fazer isso com você de forma sincera, livre de interesses ou segundas intenções, tente mantê-lo por perto o máximo que sua vida permitir.
A superficialidade dos relacionamentos de hoje em dia e a fragilidade emocional que existe, torna muito difícil construir relações dessa natureza.
Tentar apontar ou emitir uma opinião sincera fica sempre limitada ao risco de atingir certas suscetibilidades e acaba-se criando mais inimizades do que amizades sólidas que supostamente esse tipo de atitude poderia trazer.
Imagino que em situações militares onde os relacionamentos são essenciais para a manutenção da própria vida em campos de batalha é muito mais fácil ter o swin buddy. O interesse é único, manter vivo a ambos.
Pense sobre isso, você de fato tem um swin buddy na sua vida ou você está a altura de ser um swin buddy de alguém? Vale a reflexão.
Em resumo
Gostei bastante do livro.
Não é um livro de auto-ajuda e tão pouco pode ser considerada propaganda americana (ao menos não vi assim).
Achei muito interessante conhecer a experiencia do Mark desde o momento da decisão em se tornar SEAL até o momento de sair.
Estórias de determinação sempre me atraíram e o mundo está cheio de exemplos.
Obviamente que nem tudo deve estar escrito, mas os pontos que destaquei no texto, valem muito a reflexão.
Recomendo a leitura do livro e procurar extrair o que é positivo da experiencia dele.
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