Viajei muito com meus pais, principalmente quando tinha a idade na qual 30 km de distância era uma longa viagem e a sensação era de que iria conhecer uma outra galáxia. De certa forma naquela idade realmente eu estava descobrindo um mundo novo como toda criança.
O tempo passa e as distâncias ficam menores, o mundo fica incrivelmente menor depois que você passa mais de 10 horas abordo de um avião.
Daquela época, nos prelúdios da consciência que tenho agora, trago a imagem das luzes que despontavam com a chegada do noturno, luzes distantes no meio do nada, no meio do mato. Aquela luzinha que você vê da estrada.
E ficava imaginando como ainda fico, como será a vida daquelas pessoas, o que elas comem, como elas chegam lá, o que fazem?
Como será a realidade daquelas pessoas? Realidade, talvez seja a palavra mais ardilosa que existe. Assim como a maior façanha do diabo foi provar para todo mundo que ele nunca existiu, a da realidade talvez seja a de forçamos a acreditar que o que vemos é o real e o normal.
Pare e veja a sua vida, se você lê esse texto, você provavelmente estará utilizando a internet, milhões de pessoas conectadas por meio de fios umas as outras. Agora pare, e volte naquela casinha no meio do nada. Será que podemos dizer que é a mesma realidade? Talvez quem more lá nunca tenha visto um computador, e não tenha a mais pálida idéia do que seja internet. Alias talvez ele não tenha a mais pálida idéia de muitas coisas que nem damos mais importâncias por terem se tornado banalidades na nossa vida. Como um chuveiro, por exemplo ou uma fruteira na sala de jantar.
Mas a realidade segundo a própria realidade, é aquilo que realmente existe, é o fato, é o real. Só que para sabermos se algo é real, precisamos conhecê-lo ou simplesmente aceitar sua existência. Dessa forma lhes apresento outro paradoxo.
Se aquilo que é real pertence somente ao que conhecemos, então acabamos de popular o mundo com bilhões de coadjuvantes que apenas passam pela sua vida. Como alguém que atravessa a rua na sua frente.
Se olharmos do ponto de vista do aceitar, vamos nos perder em um emaranhado de subjetividades pessoais, onde mitologia e sonho podem tomar forma no suposto mundo real.
De qualquer forma a realidade é algo tão frágil que não sobrevive a um porque. Comece a perguntar o porque das coisas e verá que mundo novo e maravilhoso existe a sua volta. Ou não…..