Individualidade e Indivisibilidade

Individualidade e Indivisibilidade

Poucas paisagens eram tão agradáveis pra mim quanto olhar o por do sol de verão do último andar do prédio novo da PUC de São Paulo.

Por uma feliz coincidência do destino existem poucos prédios na frente e por um acaso mais feliz ainda, é possível se ver ao longe a Zona Oeste de São Paulo e um pedaço da Zona Norte.

Conforme a noite chegava pouco a pouco, as luzes da cidade começavam a se acender, e é era possível ver a distância, aquilo que o dia tornava indiferente. Pensava comigo, em cada luz daquela existem uma ou mais pessoas, com idéias tão exclusivas quanto as minhas, com um olhar tão diferenciado quanto o meu sobre as coisas do mundo.

Em cada uma daquelas luzes existem pessoas, com as idéias mais iluminadas e sinistras do mundo, em cada uma daquelas luzes existem um ou mais mundos com alegrias, tristezas, medos, sonhos e esperanças. E até mesmo do alto de algum outro prédio na Zona Oeste, esteja alguém venho ao longe a estranha forma do chamado prédio novo da PUC e pensando da mesma forma que eu.

Essa individualidade é o que torna essa espécie humana tão fascinante, bilhões de seres humanos, reagindo a trilhões de impressões todos os dias, todos os instantes, encaixadas em moldes ora largos, ora justos demais que regulam atividades, relacionamentos e linhas de conduta.

Existe uma tendência muito grande a comparar pessoas com grãos de areia, acho matéria muito inerte, não gosto da comparação. Prefiro compará-las a representação da água em estado de ebulição, onde nos desenhos de escola víamos átomos ensandecidos, colidindo com a parede de recipientes imagináveis numa agitação frenética. As pessoas são assim, experimente tirar a forma e o padrão e veremos como essas idéias perdem o controle. Tiramos o recipiente imaginário, os átomos se dispersariam, nós também.