Já mordeu a língua alguma vez na vida ou como dizem por aí pagou a língua?
Pois é, foi justamente o que aconteceu comigo nessa viagem à China.
Como eu vi em um quadro de um restaurante na Patagônia: Viajar é descobrir que todo mundo está errado sobre outros países.
Pesquisando um pouco mais descobri que a frase é de Aldous Huxley autor de alguns livros como Admirável Mundo Novo.
Huxley faleceu em 1963 mas a frase atribuída a ele nunca foi tão presente como nessa viagem à China.
Em se tratando de China duas semanas é muito pouco.
Passar somente duas semanas naquele país e dizer que conhece alguma coisa é o mesmo que cumprimentar aquele velhinho do outro lado da rua que você nunca viu e achar que sabe algo sobre ele.
Saímos do Chile e a viagem do Chile até a China é extremamente longa foram 9 horas de Santiago a Atlanta, mais uma conexão de 10 horas e mais 15 horas de vôo de Atlanta até Xangai.
Diferente do estilo de viagem que estamos acostumados, nossa viagem foi toda feita com o acompanhamento de guias.
Honestamente não sei como poderia ser diferente. Na China você se torna um semi-analfabeto. A diferença que falta para se tornar um total analfabeto são algumas sinalizações que você encontra em inglês.
Cordialidade rara
A primeira surpresa que tivemos foi a cordialidade do povo chinês. O chinês que conhecemos dos comércios de falsificados do Brasil ou daqueles grupos barulhentos de viajantes que encontramos não tem nada a ver com os chineses que encontramos na viajem.
Na sua grande maioria foram educados e atenciosos e super atentos com o que os filhos estavam fazendo ao redor. Tivemos a impressão até de um certo rigor na educação das crianças, bem diferente da geração de vidro que está surgindo no ocidente.
O governo tem investido na educação e na formação do povo e o reflexo disso é que ao menos nas cidades, encontramos com um nível de educação bem diferente.
É um processo de transformação longo e não conseguimos ver se se estende ao campo também, mas o fato é que está acontecendo.
Xangai
Xangai a primeira cidade da nossa jornada é uma mega cidade é a China do futuro como disse um dos nossos guias, apesar de suas raízes históricas a Xangai que conhecemos é uma cidade centenária e quando se trata de China, um país com mais de 5.000 anos de história ter algumas centenas de anos é pouco.
A vista do distrito financeiro (Pudong), uma das partes mais novas da cidade é para lá de impressionante. A comparação com Nova York, o centro financeiro do mundo é imediata e honestamente não fica para traz.
Xangai está localizada na costa central da China na foz do rio Huangpu além de ser a maior cidade da China com mais de 20 milhões de habitantes, também possui o maior porto.
Ahhh e o maior Starbucks também.
Não é só a modernidade que move Xangai. tem muita religiosidade também.
As maiores religiões na China são o Budismo, o Taoismo e o Islamismo.
O Budismo originário da Índia é a maior das três, seguido pelo Taoísmo, essa já originária da China, mas por ser uma religião mais discreta não se encontram muitos templos a vista como os do Budismo.
Saímos de Xangai com destino a Pequim tomando um trem de alta velocidade onde começou a segunda parte de nossa viagem.
Pequim
Pequim é uma cidade bem diferente de Xangai.
Em Pequim não se vê muito a modernidade de Xangai concentrada em apenas um local, mas sim em vários pontos da cidade.
O turismo em Pequim é diferente, aqui encontramos a China de ontem. A cidade sede do governo há centenas de anos presenciou dinastias de imperadores, revoluções e o surgimento de governos até chegar na China que conhecemos.
Na praça da Paz celestial (Tinaman) encontra-se a entrada para a Cidade Proibida, leva esse nome porque na época dos imperadores era proibido a entrada no local. Hoje em dia é praticamente um museu a céu aberto.
E cheio, muuuuiiiito cheio de turistas em sua grande maioria chineses.
Também conhecemos o Palácio de Verão do Imperador que é de longe um dos parques mais bonitos que já vimos.
A outra grande atração da cidade de Pequim é a Muralha da China, mais de 20.000 km de Muralha construído durante milhares de anos para proteger a China da Invasão dos Mongóis.
A viagem me deixou com uma curiosidade muito grande sobre a história da China, mas o pouco que ouvimos e baseado nos comentários dos guias que conhecemos. É que a China sempre foi um país pacato (ao menos no passado).
O espírito chinês parece que sempre foi mais de proteger-se do que atacar e se isso estiver de acordo a Muralha da China é um grande exemplo.
A religiosidade marca sua presença em Pequim, e lá conhecemos o templo do Lama com a maior estátua de Madeira de Buda já construída, 18 metros esculpido em uma peça única.
Aquela rua de comidas exóticas (com escorpião, grilos e etc….) não existe mais e o nosso guia nos garantiu que isso é só pra turistas e que os chineses gostam mesmo é da boa e velha carne de porco.
Xian
A terceira e última cidade da viagem foi Xian, novamente um trem de grande velocidade nos levou de Pequim até lá.
Se você quer chegar no horário nas cidades da China vá de trem, os horários são de precisão Suíça, agora se você não fizer questão de horário pode ir de avião, esses não têm muita precisão não.
O aeroporto é mais arrumadinho, mas atrasa, o trem não atrasa mas a estação parece com as rodoviárias de São Paulo.
Xian é o passado do passado se Pequim tem séculos, Xian tem milênios, é a casa dos guerreiros de Terracota (argila mesmo).
O primeiro guerreiro foi encontrado na década de 70 por um camponês que estava cavando um poço em busca de água. Depois de relatar o achado, o governo e uma equipe de cientistas e pesquisadores identificaram outros 2000 que foram desenterrados e parece que existem mais uns 6000 que são intencionalmente mantidos enterrados para conservação.
Os guerreiros são coloridos e geralmente estão fragmentados por conta dos sismos na região, já as suas cores duram apenas 3 horas quando expostas ao ar e a luz e leva quase 1 ano para se remontar um guerreiro completo.
Fim de viagem
Com isso terminamos nosso olá pela China, um país realmente surpreendente. Posso garantir que saí de lá com mais curiosidades do que cheguei.
Uma das nossas guias disse:
Viajar é como ler um livro, cada lugar que visitamos são páginas que vamos lendo durante toda uma vida.
Se isso for verdade tenho certeza de que duas semanas na China não deram nem pro primeiro parágrafo da orelha da capa.
Não deixe de visitar a China, ainda que duas semanas não seja suficiente para entender ou conhecer boa parte de sua cultura e suas belezas a experiência valeu muito a pena.
Não deixe também de ver o vídeo que fiz sobre a China no YouTube.
E se quiser ver as fotos da viagem podem encontrar no meu site: ILRanieri Photography ou no Facebook e Instagram.