A Coragem de Ser Autêntico: Reflexões Sobre Propósito e Liberdade Pessoal

A Coragem de Não Agradar, de Ichiro Kishimi e Fumitake Koga

A obra A Coragem de Não Agradar, de Ichiro Kishimi e Fumitake Koga, fundamenta-se na psicologia adleriana para questionar crenças limitantes e incentivar uma vida mais autêntica. Um dos pontos centrais do livro é a ideia de que não somos determinados por nossas experiências passadas, mas pelo significado que escolhemos atribuir a elas. Isso significa que eventos traumáticos ou marcantes não possuem, por si só, o poder de definir nosso destino. Ao contrário, é a interpretação pessoal desses eventos que molda nossas escolhas e nosso comportamento. Esse conceito desloca o indivíduo da posição de vítima para a de protagonista, oferecendo-lhe controle sobre suas próprias narrativas.

Outro ponto importante é a relação entre zona de conforto e mudança. Muitos preferem permanecer em situações insatisfatórias simplesmente porque estas são previsíveis. Mudar exige coragem, pois envolve abrir mão de certezas e enfrentar a possibilidade de fracasso. Esse medo é frequentemente disfarçado por desculpas bem elaboradas, como a falta de tempo ou recursos. Assim, permanecemos presos à ilusão do “poderia ter sido”, evitando o risco de nos comprometermos verdadeiramente com nossos objetivos.

O sentimento de inferioridade, outro tema recorrente na obra, é apresentado sob duas perspectivas: como um estímulo para o crescimento ou como uma prisão psicológica. Sentir-se inferior pode ser um motor poderoso para a melhoria pessoal, desde que não se transforme em um complexo de inferioridade. Este último surge quando usamos nossas limitações como desculpa para não agir, aceitando passivamente nossas circunstâncias. Além disso, é interessante notar como, frequentemente, a vanglória e a ostentação surgem como máscaras para disfarçar um sentimento profundo de inferioridade.

A busca constante por validação externa também é um obstáculo significativo para o crescimento emocional. O desejo de ser aceito e apreciado pode facilmente se transformar em dependência. A coragem de ser detestado, um conceito provocador do livro, sugere que a verdadeira liberdade só pode ser alcançada quando deixamos de viver para atender às expectativas dos outros. Esse tipo de coragem não implica desrespeitar ou ignorar os sentimentos alheios, mas agir de acordo com nossos próprios valores, mesmo que isso nos torne impopulares.

Outro aspecto fundamental é a diferença entre contribuição genuína e busca por reconhecimento. De acordo com Adler, a sensação de contribuição é essencial para a felicidade humana. No entanto, essa contribuição não precisa ser visível ou grandiosa; basta que o indivíduo perceba, de forma subjetiva, que está sendo útil a alguém ou a alguma causa. Quando essa percepção não existe, é comum que surjam sentimentos de vazio e inutilidade, muitas vezes levando à depressão ou à sensação de falta de propósito.

A competitividade excessiva, alimentada por uma mentalidade de comparação constante, também é apontada como uma barreira para a felicidade autêntica. Viver em um estado permanente de competição transforma o mundo em um campo de batalha, onde cada interação é uma luta por poder ou validação. Redes sociais, por exemplo, frequentemente intensificam essa mentalidade, criando um ciclo de insatisfação e comparação que é difícil de romper.

Além disso, os conflitos interpessoais, sejam eles pequenos desentendimentos ou disputas mais sérias, são frequentemente analisados sob a lente das lutas por poder. Muitas vezes, as pessoas buscam vencer discussões em vez de compreender o outro lado. Adler sugere que, ao invés de criticar e impor nossa visão, devemos buscar entender as intenções ocultas por trás das ações e palavras dos outros. Isso não significa ser passivo, mas sim adotar uma postura menos combativa e mais reflexiva.

Por fim, o livro ressalta que a verdadeira felicidade está ligada ao senso de contribuição e à capacidade de viver de forma autêntica. A coragem de ser livre exige não apenas autoconhecimento, mas também disposição para enfrentar os medos que surgem ao longo do caminho. O mundo pode ser um lugar hostil para quem escolhe agir de acordo com seus próprios valores, mas, segundo Kishimi e Koga, esse é o único caminho para uma vida plena e significativa.

Capa do livro No Hero de Mark Owen

O que aprendi com o livro No Hero – The Evolution of a Navy Seal de Mark Owen com Kevin Maurer

No Hero é o segundo livro produzido Mark Owen o mesmo autor de “No Easy Day” .

No hero conta a estória sobre como Mark se tornou SEAL.

Durante o tempo que serviu, Mark participou de importantes destacamentos, sendo que os mais conhecidos foi resgate do capitão Phillips e a Operação Lança de Netuno no Afeganistão responsável pela capturada de nada menos que Osama Bin Laden. (Coincidência ou não Operação Netuno, foi o nome dado a operação de desembarque na Normandia).

Capa do livro No Hero de Mark Owen

Você que começou a ler esse artigo pode me perguntar: – Ok, Iberê. O que um livro sobre um SEAL americano pode trazer de útil na minha vida.

Na verdade, acredito que o mais importante nesse livro não está no fato de ser ou não um militar americano mas sim, nas coisas que o autor aprendeu nessa jornada e como ele compartilha essa experiencia.

Nós lemos livros, ou assistimos canal do YouTube (como o DPFN), porque com informação nos tornamos pessoas melhores.

É sobre isso que trata esse artigo.

Destaquei alguns pontos no livro que quando bem observado sem dúvida nos tornam seres humanos melhores.

Determinação

A primeira e na minha opinião a lição mais importante que Mark nos passa no livro diz respeito a determinação.

Mark vivia no Alaska e é filho de uma família bem simples, mas desde cedo se interessou por ser SEAL. Lia livros, assistia a filmes colecionava objetos relacionados aos SEALs  como todo aficionado por alguma coisa, até que de fato atingiu a idade e teve a oportunidade de entrar nas forças armadas onde seus sonhos começaram a tomar forma.

Durante esse tempo teve uma série de oportunidades bem mais atrativas naquele momento de vida, mas que não o levariam para o fim que ele desejava.

Mesmo assim, manteve o foco e a determinação para buscar o que queria até conseguir.

Determinação é como um motor 12 cilindros, ele á capaz de gerar uma quantidade incrível de energia e te levar para onde você precisa, mas por outro lado precisa estar sempre sendo abastecido.

Se você deixar acabar o combustível é bem provável que a determinação acabe e você abandone tudo aquilo com que você sonhou.

Eu pessoalmente posso atestar isso, da mesma forma que Mark sonhava com os SEALs eu sonhava com aviação. Aviação militar no Brasil não ia me satisfazer, queria estar com os grandes e a aviação comercial era o meu sonho.

Ler o livro vai te mostrar o que é ser determinado, continuar lendo esse texto vai te ensinar o que você não deve fazer quando você tem um sonho.

Sempre sonhei grande e na época, 30 anos atrás (exatamente) o top era piloto de 747 da VARIG. Hoje a Varig não existe mais e acredito que nenhuma companhia nacional opere o 747.

Com 16 anos eu mal sabia tirar um carro da garagem, mas sabia decolar e pousar um monomotor sem maiores dificuldades.

Estava no caminho certo até porque na época a única rota disponível pra mim era o Aeroclube de São Paulo.

No entanto, 3 anos depois as coisas começaram a se perder quando eu passei a dar mais importância para a experiencia dos outros do que ao meu próprio sonho.

E pior, com 19 anos pensei que estava no controle de alguma coisa ou mesmo dos eventos do meu próprio futuro.

Acabei abrindo mão e de certa forma me arrependo de não ter chegado lá e somente depois de ter vivido todas aquelas boas e más coisas que ouvi, ter decidido se deveria seguir ou não.

Se você tem um sonho, uma meta ou um objetivo, tenha certeza de que se você vai abrir mão dele é em função das coisas que você controla e não daquilo que você ACHA que pode acontecer no futuro.

Temos muita dificuldade em separar as coisas que realmente conseguimos controlar das coisas que achamos que controlamos e os eventos que o futuro e a vida trazem são totalmente inesperados e incontroláveis.

Isso nos leva a outro ponto do livro do Mark.

3 foot world

3 foot world (mundo dos 3 pés) se refere aos pontos de apoio que você mantém durante uma escalada.

Nesse momento nada mais importa a não ser a estrita concentração no presente, nos procedimentos e em qual serão os próximos passos.

No livro, Mark conta como ele aprendeu isso durante um treinamento em escalada no qual ele começou a divagar sobre a possibilidade de uma queda e nos eventos que isso poderia acarretar.

A possibilidade da queda e esses eventos não estavam sob seu controle e a única coisa com a qual ele deveria de fato se ocupar é onde seria o seu próximo ponto de apoio para seguir escalando.

Esse conceito não é novidade, os estoicos na Grécia já ensinavam sobre isso:

“Algumas coisas estão em nosso controle, enquanto outras não estão. Nós controlamos nossa opinião, escolha, desejo, aversão e, em outras palavras, tudo aquilo que é originado pelas nossas ações. Nós não controlamos nosso corpo, propriedade, reputação, posição e, em outras palavras, o que não é originado pelas nossas ações.

– Epictetus

Depois de milhares de anos ainda não conseguimos diferenciar o que está ou não sob nosso controle e a quantidade de problemas que isso nos traz entre medos infundados, crises de ansiedade, perda de concentração e julgamentos incorretos.

Ademais, o século XXI com esse incansável bombardeio de informações não tem facilitado em nada e é por isso que temos que ser lembrado por soldados americanos o que filósofos gregos nos ensinaram a mais de 2000 anos.

E por falar em informação, o livro do Mark traz mais um ponto no qual estamos falhando miseravelmente.

Comunicação

É impressionante como trocamos informação sem nos comunicar de forma adequada.

Somos muito bons em trocarmos uma serie de abobrinhas por meio das medias sociais e dos canais de comunicação que temos disponível, mas falhamos miseravelmente quanto ao seu conteúdo.

Nos comunicamos mal com nosso time no trabalho, com nossos filhos e com nossos pais.

No livro Mark comenta sobre uma espécie de reunião que é feita após cada missão onde de maneira aberta e sincera se comenta os pontos positivos e negativos de cada missão.

Nesse momento não há hierarquia e nem ressentimento só a troca sincera e aberta de informações com o único objetivo de melhorar individualmente em grupo com os erros e acertos.

No dia a dia de uma vida regular, evitamos o conflito ou os temas que não gostamos, tudo em nome de evitar situações desagradáveis e manter relacionamentos que no tempo se tornam cada vez mais artificiais depois de tanto ressentimento varrido para debaixo do tapete.

Por outro lado, comunicação não é simplesmente falar, mas também ter a capacidade de ouvi, sem se sentir ofendido ou ameaçado com a opinião alheia, mas tentar extrair o melhor para si ou para todos com base no que estão dizendo sobre você. Reconhecer seus erros com humildade e tentar ser cada vez melhor naquilo que faz e como pessoa.

Afinal é para isso que estamos aqui.

Agindo dessa forma você constrói confiança ao seu redor tanto de você para as pessoas como das pessoas com você.

Saber que você pode contar com sua equipe (seus filhos e família) e vice versa certamente é um aliado para os desafios que a vida trará.

E por falar em confiança isso nos traz para o último ponto que eu gostaria de destacar sobre o livro.

Swin buddy

Swin buddy é a versão da marinha para o melhor amigo.

Não estou falando dessa versão água com açúcar que os adolescentes de hoje em dia chamam de BFF (Best friend forever) e que geralmente vem seguindo de um coraçãozinho ou com mãozinhas fazendo coraçõezinhos.

Estou falando de amigos que podem enfiar o dedo na sua cara e dizer que está fazendo uma baita cag…. e que você é um grande FDP por estar fazendo ou agindo dessa ou dessa forma.

A via funciona nos dois sentidos, obviamente você deve fazer o mesmo com ele porque ele não espera nada menos do que isso da sua parte.

Essa não é uma tarefa fácil atualmente, se você tem alguém que possa fazer isso com você de forma sincera, livre de interesses ou segundas intenções, tente mantê-lo por perto o máximo que sua vida permitir.

A superficialidade dos relacionamentos de hoje em dia e a fragilidade emocional que existe, torna muito difícil construir relações dessa natureza.

Tentar apontar ou emitir uma opinião sincera fica sempre limitada ao risco de atingir certas suscetibilidades e acaba-se criando mais inimizades do que amizades sólidas que supostamente esse tipo de atitude poderia trazer.

Imagino que em situações militares onde os relacionamentos são essenciais para a manutenção da própria vida em campos de batalha é muito mais fácil ter o swin buddy. O interesse é único, manter vivo a ambos.

Pense sobre isso, você de fato tem um swin buddy na sua vida ou você está a altura de ser um swin buddy de alguém? Vale a reflexão.

Em resumo

Gostei bastante do livro.

Não é um livro de auto-ajuda e tão pouco pode ser considerada propaganda americana (ao menos não vi assim).

Achei muito interessante conhecer a experiencia do Mark desde o momento da decisão em se tornar SEAL até o momento de sair.

Estórias de determinação sempre me atraíram e o mundo está cheio de exemplos.

Obviamente que nem tudo deve estar escrito, mas os pontos que destaquei no texto, valem muito a reflexão.

Recomendo a leitura do livro e procurar extrair o que é positivo da experiencia dele.

Esse e outros textos também podem ser encontrados no meu Medium, onde falo algumas coisas sobre Segurança da Informação e Fotografia.

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Casal na praia com uma tenda e tocando violao

Livro: Nômade Digital. Um guia para você viver e trabalhar como e onde quiser.

Finalmente um livro que de fato agrega informação para quem busca saber um pouco mais sobre a vida do Nômade Digital.

Como um ex-gerente de segurança da informação que vive no Chile nos últimos dois anos foi se interessar por um livro de Nomadismo Digital?

A resposta, é bem mais óbvia do que parece. Minha mudança no Chile ocorreu em função de uma nova posição que minha mulher assumiu aqui em Santiago.

Depois de ficar praticamente 2 anos em uma ponte aérea infernal entre São Paulo e Santiago, a cada 15 dias, resolvi apostar na vida em outro país e quando se fala em América do Sul o Chile é a joia da coroa ou pelo menos era antes do tal estalido social ou primavera chilena (isso é tema para outro blog).

Uma baita oportunidade, estava em um momento da vida em que tinha recurso para bancar uma espécie de um sabático e buscar uma forma de trabalho que não fosse aquela do mundo corporativo.

Lamentavelmente só fui encontrar o livro Nômade Digital. Um guia para você viver e trabalhar como e onde quiser do Matheus de Souza depois de dois anos.  

Não tenho como mudar o passado e não me arrependo de todas as coisas que tenho feito aqui no Chile, mas certamente posso fazer um futuro melhor e esse livro juntamente com as dicas do site da Rock Content, ajudam bastante.

Afinal o que é um Nômade Digital?

De acordo com a definição dada pela RockContent:

“Nômade digital é um profissional que trabalha online e, portanto, não precisa estar presente em um escritório, cidade ou país em particular. Ele pode trabalhar em qualquer lugar do mundo, desde que tenham uma boa conexão à internet.”

Os nômades digitais, em geral são freelancers, empreendedores, trabalhadores remotos ou um mix de todos eles.

Enfim, se alguém tem condição de por intermédio de tecnologia conseguir trabalhar sem a necessidade de estar presente no seu ambiente de trabalho, pode ser considerado como nômade digital.

Sobre o livro

Chega de papo furado, vamos aos pontos importantes.

O Matheus quebra alguns paradigmas a respeito da ideia que se faz sobre ser Nômade Digital e seguramente de todas elas a mais emblemática é o estereótipo do carinha de bermuda, camisa com estampas florais e chapéu panamá, sentado na praia com um notebook no colo e trabalhando.

Tirando a parte do trabalhando o resto é fake, obvio que depois de mais de 20 anos de informática, praia, água salgada e computador sempre foram coisas que me arrepiavam até os ossos.

Sempre desconfiei dessa imagem.

Nunca pensei em colocar meu precioso notebook em um ambiente inóspito como esse e ter a confirmação do Matheus de que isso era lenda já foi super importante e de fato deu muita credibilidade ao livro.

O Matheus não tenta vender o sonho, mas passa uma boa dose de realidade para quem quer viver o sonho do nômade digital.

Alias, dentro do estereótipo acima a parte que o Matheus mais reforça e o “trabalhando”.

O fato de você se dedicar ao nomadismo digital não quer dizer que você vive férias intermináveis, como qualquer autônomo, precisa trabalhar e muito.

Vale lembrar que comida, hospedagem e deslocamento não caem do céu, tem que pagar por ele e como todo autônomo, se você não trabalhar no final do mês, o dinheiro não vai brotar na sua conta.

O lado positivo é que você consegue trabalhar em qualquer lugar do mundo (com boa internet), seja de Santiago, São Paulo, Bangkok, Budapeste ou San Francisco. E pra muita gente isso não tem preço.

Planejamento

Há muito tempo aprendi que planejamento é o que diferencia entre realizar uma jornada ou atividade de forma consciente de uma aventura.

O capítulo que fala sobre planejamento é mais uma razão para se levar o livro a sério.

Nesse ponto, Matheus destaca a importância de ter um planejamento pessoal, ter uma meta e se dedicar a ela.

Por outro lado, talvez o conselho mais importante seja conhecer a si mesmo. Conhecer suas forças e limitações, saber quais são seus pontos fracos e as oportunidades que você tem nesse momento de vida fará toda a diferença para aqueles que gostariam de abraçar a vida do Nomadismo.

Se você for uma pessoa que tem muito apego pelo lugar que vive e o contato constante com parentes e amigos, pode ser que essa não seja a sua praia.

O mesmo serve para pessoas que gostam da rotina do mundo corporativo e da ilusão da estabilidade.

Agora, para os mais desapegados, certamente ter a oportunidade de passar um bom tempo as margens do Mar Egeu e ainda seguir produzindo e ganhando para isso pode ser um convite bastante tentador.

O que fazer?

Bom essa, parte está diretamente relacionada com a anterior.

Obviamente você precisa se conhecer muito bem para saber o que fazer e do que gosta.

Tem muita gente que coloca a vida em uma espécie de piloto automático, principalmente quando você trabalha no mundo corporativo, os desafios e os problemas já vêm prontos e embalados nos pacotes motivacionais das empresas.

Um amigo meu costuma dizer que, na empresa quando você tem muitos problemas e não sabe por onde começar geralmente seu chefe te liga e resolve esse dilema por você rapidinho.

Quando se é nômade não tem um chefe para te ajudar ou incentivar a decidir por onde começar e tampouco existe um piloto automático. É você e você mesmo.

Se você, como muitos, tem dificuldade em descobrir o que fazer pode tentar se basear em uma outra metodologia que encontrei recentemente chamado IKIGAI.

Não vou entrar muito a fundo nisso aqui, não é o foco, mas em linhas gerais é descobrir:

  • Aquilo que você ama;
  • Aquilo que você é bom;
  • Aquilo que o mundo precisa;
  • Aquilo que você pode ser pago para fazer;

Se você encontrar algo que combine as 4 descobertas acima, certamente você vai encontrar o que fazer e é muito provável que o fará de maneira feliz.

Conexões

Criar boas conexões é outro ponto bem salientado no livro do Matheus e vamos combinar que isso não é novidade.

Em qualquer atividade que você esteja desenvolvendo ter as conexões certas ajudam muito o seu trabalho.

Funciona tanto no ambiente corporativo como com no nomadismo digital. A menos que você queira ser um eremita digital, esse ainda não sei como funciona e nem sei se existe.

A troca de experiencias parece ser mais intensa quando se trata de nomadismo digital.

O que entendi é que quando você encontra outros nômades existe uma certa afinidade automática que não se limita aos aspectos de negócios, como acontece nos ambientes corporativos.

Alguns aspectos e experiencias pessoais entram no contexto, o que acaba enriquecendo essas conexões. Obvio que, oportunidades de negócios podem surgir, mas as relações se tornam mais sólidas porque há um reconhecimento instantâneo de que todos estamos no mesmo barco.

Como esse reconhecimento surge de maneira intrínseca e não porque alguém está dizendo. Existe uma legitimidade e um comprometimento maior com essa troca de experiências e a construção dessa rede de contatos.

Por fim

Não estou recebendo nada de ninguém que mencionei aqui nesse texto, não conheço o Matheus nem pessoal e nem digitalmente. Até gostaria porque gostei muito da abordagem e de como ele transmitiu a realidade do que é ser um nômade digital.

Queria muito ter tido contato com esse material antes, certamente teria me ajudado a focar em uma serie de pontos que comecei a me atentar somente agora.

Recomendo muito a leitura, principalmente para aqueles que buscam uma vida de nômade digital ou mesmo para aqueles que procuram ter uma forma mais virtual ou remota de trabalho.

Esse e outros textos também podem ser encontrados no meu Medium, onde falo algumas coisas sobre Segurança da Informação e Fotografia.

Não deixe de visitar meu canal do Youtube, tem bastante assunto interessante por lá.

Conheça também o ILRanieri Photography, um site dedicado a venda de imagens de algumas das minhas viagens e fotografias street.

Também pode me encontrar no Instagram e no Facebook.

E se quiser saber mais sobre meu lado profissional pode me encontrar no Linkedin.

Impossível me esconder hoje em dia. Rsrsrs

Vista do Distrito Financeiro de Xangai (Pudong) a partir do The Bund

China, será que o dragão está adormecido?

Já mordeu a língua alguma vez na vida ou como dizem por aí pagou a língua?

Pois é, foi justamente o que aconteceu comigo nessa viagem à China.

Como eu vi em um quadro de um restaurante na Patagônia: Viajar é descobrir que todo mundo está errado sobre outros países.

Pesquisando um pouco mais descobri que a frase é de Aldous Huxley autor de alguns livros como Admirável Mundo Novo.

Huxley faleceu em 1963 mas a frase atribuída a ele nunca foi tão presente como nessa viagem à China.

Em se tratando de China duas semanas é muito pouco.

Passar somente duas semanas naquele país e dizer que conhece alguma coisa é o mesmo que cumprimentar aquele velhinho do outro lado da rua que você nunca viu e achar que sabe algo sobre ele.

Saímos do Chile e a viagem do Chile até a China é extremamente longa foram 9 horas de Santiago a Atlanta, mais uma conexão de 10 horas e mais 15 horas de vôo de Atlanta até Xangai.

Diferente do estilo de viagem que estamos acostumados, nossa viagem foi toda feita com o acompanhamento de guias.

Honestamente não sei como poderia ser diferente. Na China você se torna um semi-analfabeto. A diferença que falta para se tornar um total analfabeto são algumas sinalizações que você encontra em inglês. 

Cordialidade rara

A primeira surpresa que tivemos foi a cordialidade do povo chinês. O chinês que conhecemos dos comércios de falsificados do Brasil ou daqueles grupos barulhentos de viajantes que encontramos não tem nada a ver com os chineses que encontramos na viajem.

Na sua grande maioria foram educados e atenciosos e super atentos com o que os filhos estavam fazendo ao redor. Tivemos a impressão até de um certo rigor na educação das crianças, bem diferente da geração de vidro que está surgindo no ocidente.

O governo tem investido na educação e na formação do povo e o reflexo disso é que ao menos nas cidades, encontramos com um nível de educação bem diferente.

É um processo de transformação longo e não conseguimos ver se se estende ao campo também, mas o fato é que está acontecendo.

Xangai

Xangai a primeira cidade da nossa jornada é uma mega cidade é a China do futuro como disse um dos nossos guias, apesar de suas raízes históricas a Xangai que conhecemos é uma cidade centenária e quando se trata de China, um país com mais de 5.000 anos de história ter algumas centenas de anos é pouco.

A vista do distrito financeiro (Pudong), uma das partes mais novas da cidade é para lá de impressionante. A comparação com Nova York, o centro financeiro do mundo é imediata e honestamente não fica para traz.

Xangai está localizada na costa central da China na foz do rio Huangpu além de ser a maior cidade da China com mais de 20 milhões de habitantes, também possui o maior porto.

 Ahhh e o maior Starbucks também.

Não é só a modernidade que move Xangai. tem muita religiosidade também.

As maiores religiões na China são o Budismo, o Taoismo e o Islamismo.

O Budismo originário da Índia é a maior das três, seguido pelo Taoísmo,  essa já originária da China, mas por ser uma religião mais discreta não se encontram muitos templos a vista como os do Budismo.

Saímos de Xangai com destino a Pequim tomando um trem de alta velocidade onde começou a segunda parte de nossa viagem.

Pequim

Pequim é uma cidade bem diferente de Xangai.

Em Pequim não se vê muito a modernidade de Xangai concentrada em apenas um local, mas sim em vários pontos da cidade.

O turismo em Pequim é diferente, aqui encontramos a China de ontem. A cidade sede do governo há centenas de anos presenciou dinastias de imperadores, revoluções e o surgimento de governos até chegar na China que conhecemos.

Na praça da Paz celestial (Tinaman) encontra-se a entrada para a Cidade Proibida, leva esse nome porque na época dos imperadores era proibido a entrada no local. Hoje em dia é praticamente um museu a céu aberto.

E cheio, muuuuiiiito cheio de turistas em sua grande maioria chineses.

Também conhecemos o Palácio de Verão do Imperador que é de longe um dos parques mais bonitos que já vimos.

A outra grande atração da cidade de Pequim é a Muralha da China, mais de 20.000 km de Muralha construído durante milhares de anos para proteger a China da Invasão dos Mongóis.

A viagem me deixou com uma curiosidade muito grande sobre a história da China, mas o pouco que ouvimos e baseado nos comentários dos guias que conhecemos. É que a China sempre foi um país pacato (ao menos no passado).

O espírito chinês parece que sempre foi mais de proteger-se do que atacar e se isso estiver de acordo a Muralha da China é um grande exemplo.

A religiosidade marca sua presença em Pequim, e lá conhecemos o templo do Lama com a maior estátua de Madeira de Buda já construída, 18 metros esculpido em uma peça única.

Aquela rua de comidas exóticas (com escorpião, grilos e etc….) não existe mais e o nosso guia nos garantiu que isso é só pra turistas e que os chineses gostam mesmo é da boa e velha carne de porco.

Xian

A terceira e última cidade da viagem foi Xian, novamente um trem de grande velocidade nos levou de Pequim até lá.

Se você quer chegar no horário nas cidades da China vá de trem, os horários são de precisão Suíça, agora se você não fizer questão de horário pode ir de avião, esses não têm muita precisão não.

 O aeroporto é mais arrumadinho, mas atrasa, o trem não atrasa mas a estação parece com as rodoviárias de São Paulo.

Xian é o passado do passado se Pequim tem séculos, Xian tem milênios, é a casa dos guerreiros de Terracota (argila mesmo). 

O primeiro guerreiro foi encontrado na década de 70 por um camponês que estava cavando um poço em busca de água. Depois de relatar o achado, o governo e uma equipe de cientistas e pesquisadores identificaram outros 2000 que foram desenterrados e parece que existem mais uns 6000 que são intencionalmente mantidos enterrados para conservação.

Os guerreiros são coloridos e geralmente estão fragmentados por conta dos sismos na região, já as suas cores duram apenas 3 horas quando expostas ao ar e a luz e leva quase 1 ano para se remontar um guerreiro completo.

Fim de viagem

Com isso terminamos nosso olá pela China, um país realmente surpreendente. Posso garantir que saí de lá com mais curiosidades do que cheguei.

Uma das nossas guias disse:

Viajar é como ler um livro, cada lugar que visitamos são páginas que vamos lendo durante toda uma vida.

Se isso for verdade tenho certeza de que duas semanas na China não deram nem pro primeiro parágrafo da orelha da capa.

Não deixe de visitar a China, ainda que duas semanas não seja suficiente para entender ou conhecer boa parte de sua cultura e suas belezas a experiência valeu muito a pena.

Não deixe também de ver o vídeo que fiz sobre a China no YouTube.

E se quiser ver as fotos da viagem podem encontrar no meu site: ILRanieri Photography ou no Facebook e Instagram.

Memórias

Quantos de nós acordamos diariamente com a ilusão de que a vida está sob controle? Que sabemos exatamente como começa o dia e como vai terminar.

Uma pessoa em média vive uns 75 anos, o equivalente a 27.375 dias sem descontar o período que não temos a menor consciência de nós mesmos. A maioria de nós comete esse erro todos esses dias ou simplesmente ignora o fato e segue a vida.

Exploradores do novo dia.

Uma imagem contendo montanha, céu, natureza, água
Torres del Paine

Todo dia que começa é um dia para se explorar o desconhecido, algumas vezes pode trazer bons resultados outras vezes não.

A forma como enfrentamos esses temas é a forma como vamos sobreviver a esse dia cheio de novidades.

A partir do momento que você acorda, os desafios começam, levantar da cama sem pisar no gato ou naquela peça de lego que seu filho esqueceu do lado do seu chinelo, ir tomar banho e acabar a água quando está todo cheio de sabão, etc… A lista de surpresas é interminável e mesmo assim seguimos fazendo planos.

Planos para as próximas horas, planos para os próximos, dias, meses, anos. Tem até quem faça planos para quando não estiver mais por aqui.

Somos sensíveis as coisas ruins que nos acontecem, mas as boas quando acontecem, simplesmente passam. Podemos dizer que quando as coisas boas acontecem elas não fizeram mais do que sua obrigação ou que simplesmente demos sorte. (Algo de Síndrome do Impostor aqui.) Ou por outro lado somos incríveis e merecemos isso.

Essa disparidade cotidiana entre apenas contemplar o bom e viver o mal até os ossos é o que vem construindo nossa essência durante todos esses anos. Até porque parece que tudo que é bom foi feito para durar segundos e tudo que é ruim leva dias para acabar.

Registros

Tanto as boas experiências como as ruins deixam registros em nossas memórias, muitos deles indeléveis e que com o tempo moldam nosso jeito de ser e principalmente nossa forma de reagir diante das novidades do dia a dia.

As memórias relacionadas as boas experiências nos marcam pelo prazer ou a satisfação que sentimos naqueles momentos, essas memórias nos movem adiante, em uma busca incansável, eternos caçadores dos prazeres passados ou perdidos. 

Por outro lado, são as memórias ruins que nos mantém vivos, são elas que nos livram das encrencas e que de fato nos preparam para um novo dia de buscas e exploração. Mesmo sem dar conta de que são elas que estão ajudando a ditar as regras.

As memórias de experiências ruins nos coloca na dianteira das dificuldades e ela que nos faz construir um abrigo para chuva ou economizar dinheiro para os tempos difíceis.

Melhor solucionador de problemas de todos os tempos

Com base nela resolvemos problemas. Óbvio que somos capazes dos extremos e nenhum deles é uma coisa boa. O otimista é o fanático das boas memórias, por sua vez o pessimista é o que idolatra as memórias e experiências ruins e se satisfaz quando elas se materializam, existe um prazer em dizer que estavam certos em dizer que as coisas dariam errado. Profetas do apocalipse que não possuem condição de ver o que se passa 5 segundos a sua frente.

Por fim, viva o amanhecer de cada dia, que possamos olhar o dia de forma tão obstinada quanto aqueles que uma vez se lançaram ao oceano buscando novos mundos. Somos tão exploradores como eles. Em um mundo que muda a cada segundo certamente o mundo que você deixou quando dormiu não é mais o que você conhece quando acorda.

Já pensou nisso?

Sem vergonha

Carnaval pra mim geralmente é uma época miserável. Primeiro porque eu detesto marchinha de carnaval, queria entender que graça tem um cidadão ficar escutando aquelas musiquetas de 1930, fantasiado de palhaço e pulando igual um macaco. Segundo, como todo cara que não bebe, odeio bêbado e nessa época esses proliferam.

Sendo assim, a única coisa que me resta é procurar um refugio que só não é mais tranqüilo porque sou casado e isso limita incrivelmente a possibilidade de determinadas programações.

No carnaval desse ano, assim como nos anos anteriores fomos para o interior na casa de um compadre. Compadre é uma versão mais leve do cunhado. O cidadão que casa, chama alguns parentes e amigos para testemunhar o acontecimento e para não chamar o cara de testemunha ele ganha o nome de padrinho de casamento e por conseqüência compadre.

Pois bem, o compadre no caso tem um dálmata que minha mulher adora e aproveita para matar saudades. Nós moramos em apartamento o que considero inadequado para criar qualquer tipo animal que não seja um peixe (dos pequenos) e também não nutro grande paixão por cães, gatos, pássaros e afins.

Quem lê os meus textos ou me conhece, sabe que sou adepto a liberdade principalmente a de ir e vir. Ser limitado por um outro ser humano não me agrada quanto mais por um animal, portanto no momento não os tenho.

Esse feriado flagrei minha digníssima mulher chamando a dálmata do meu compadre de “sem vergonha”.

Vergonha é algo que sentimos quando fazemos algo reprovável pela sociedade ou por nós mesmos. Uma pessoa, brasileiro, gozando do perfeito juízo ou tido como um ser humano médio sentiria vergonha ao ficar nu no meio da Avenida Paulista ás 18:00 hrs.

Kundera diria que vergonha é o que sentimos quando somos flagrados no erro e não por cometermos o erro em si.

De qualquer forma a vergonha está associada a um juízo de valores íntimos ou não que faz com que não nos sintamos bem, constrangidos, desconfortáveis com uma determinada situação.

Dado que um cão é perfeitamente adaptado para viver uma vida de cão (espécie) e para isso basta apenas existir, e que ele sendo apenas cão cumpre sua finalidade como diria Aristóteles como poderia sentir a vergonha ou a falta dela?

Vergonha é um sentimento exclusivamente humano e como a maioria deles limitado e subordinado ao peso da aprovação de uma série de normas e culturas.

Um cão não necessita de aprovação da sociedade dos cães para rosnar para o gato do vizinho quando ele passa pelo muro; um cão não necessita de aprovação do canil para urinar a cada poste que passa e assim demarcar seu território e também não sentirá a menor vergonha por defecar no meio da Oscar Freire em uma quinta-feira à tarde.

A visão estreita do ser humano em tentar entender o mundo de acordo com a sua própria natureza talvez seja a sua mais grave miopia.

A complexidade das ações humanas pelo menos àquelas que se pode destacar do instinto deveriam ser atribuídas somente a humanos e não a animais ou divindades.

No caso das divindades se torna ainda mais curioso, sem entrar no mérito se o divino é mais uma das formas de castrar a felicidade humana ou não, não é raro ouvirmos que hoje choveu porque Deus está triste ou tal região foi alagada porque Deus estava irritado.

Embora fosse a intenção nas palavras de minha mulher reprovar o ato do cão, sem querer, suas palavras estavam cheias de verdade. “Sem vergonha”, realmente sem vergonha, sem caráter, sem moral, sem ética, sem carnaval, apenas um cão abanando o rabo e procurando viver como cão e interagir como cão no mundo de homens.

Lições: Resolva seus problemas

Resolva seus problemas de maneira definitivamente.

Por incrível que pareça sociedade do século XXI é desenvolvida o suficiente para que boa parte dos nossos problemas não sejam uma novidade. Há sempre alguém fazendo o que você precisa ou que já viveu uma experiência pela qual você está passando.

Mas o caráter definitivo e perene das soluções deve sempre ser procurado.  Em Tecnologia da Informação existe um termo denominado Workaround. Workaround em uma tradução grossa seriam soluções de contorno, são medidas que se toma para reagir a uma situação de crise enquanto se trabalha na solução definitiva.

A maioria de nós tende a adotar workarounds como sendo a solução em si e esquecem de trabalhar na solução definitiva.

Tão certo como o sol nasce outro dia esses problemas voltarão cobrar suas respostas em definitivo e as vezes em momentos que temos menos condição de lidar com eles do que da primeira vez que surgiram.

Encare as situações de frente e procure sempre vencer o jogo, empates sempre irão cobrar resultados futuros.

“A todo problema que surge deve ser dada uma resposta completa e definitiva.”

Conformismo x Falta de Foco

Férias costumam ser momentos de reflexão, principalmente quando elas estão para acabar e você descobre que você não refletiu um minuto se quer sobre  tudo aquilo sobre o qual você gostaria ter refletido.

Peguei-me hoje em uma espécie de crise existencialista, me questionando sobre emprego, família, estudos e principalmente falta de foco.

Construí minha carreira sobre uma base multidisciplinar, agregando conhecimento através das mais variadas experiências que tive na área de tecnologia. Comecei a me questionar se havia feito certo, se eu não deveria ter me focado desde o princípio naquilo que eu realmente queria. Ser piloto de avião ou até mesmo em  um único ponto dentro da tecnologia.

Fui a casa de meus pais para um café da tarde. Uma coisa é certa, sempre que for possível, mantenha as pessoas que te conheceram na juventude próximas a você, porque quanto mais você envelhece, mais você irá precisar delas. Elas são a melhor ligação que você pode ter com o seu passado, são como a extensão de sua memória,  elas  vêem o filme em que você atua passar e jamais duvide da experiência daqueles que são mais velhos que você.

Meu pai me lembrou de estórias que eu já havia esquecido, estórias de pessoas super preparadas e que não conquistaram nada, e estórias de pessoas despreparadas e que de certa forma conquistaram tudo que gostariam.

E minha mãe me lembrou do que eu havia conquistado. Nunca parei para celebrar minhas vitórias sejam elas quais fossem, mas por milhares de vezes na vida parei para criticar minhas derrotas. Algo está em desequilíbrio.

Todos tem 50% de acertar ou errar, assim como eu e você, ou seja, nunca se critique de mais e nem se elogie demais também.

E quanto ao conformismo? Conformismo inicialmente me da  idéia de comodismo o que é bem diferente. O Comodista é um preguiçoso e egoísta. O Conformista aceita uma situação incomoda sem luta…. pensando bem não são tão diferentes assim, talvez o conformista seja um comodista mais chique e menos egoísta.

Não considero-me enquadrado em nenhuma das duas situações, conquistei mais coisas que muita gente da minha idade não conquistou, mas também conquistei menos do que alguns outros da mesma idade. Me conformo com a situação, de forma alguma… Mas por outro lado, sigo sob a inconteste oração de um autor que infelizmente no momento não me recordo. “Senhor concede-me serenidade para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar aquelas que posso controlar e sabedoria para distinguir umas das outras.” (Se alguém souber o autor me avisem.)

“Preocupar-se com o futuro é tão eficaz como tentar resolver uma equação de álgebra mascando chicletes.”

Preparativos para um casamento

Para uma mulher os preparativos para ir a uma festa de casamento são semelhantes aos preparativos para uma peleja.

As mulheres correm aos salões de cabelereiro e uma grande transformação é feita, cabelos, olhos, bocas tomam novas cores e até peitos ganham novas dimensões.Vestidos longos são tirados dos armários juntamente com todo um conto de fadas, castelos, principes e festas, tudo isso em meio a fumaça e a correria do século XXI.

A sortuda classe masculina, que durante séculos vem se mantendo afastada de grandes produções como essa, apenas senta-se em frente a televisão já com o básico terno e grava e vê passar apressadamente de um lado para o outro as peças de um quebra-cabeça que dará novo visual a mesma mulher.

Vez por outra um ou outro questionamento é feito sempre em busca de uma resposta posítiva.

? Viu meu vestido novo? ­? pergunta.
– Claro.
– O que acho? ? buscando a certeza de que a peça agora pendurada no mancebo era a essencia de toda a produção.
– Bonito. ? respondi, como se falasse de um carro de 3 anos atras.
– Você está falando sério ? ? pergunta como se tivesse visto até o ano do carro na minha resposta.
– Claro que estou. ? agora muito mais convincente como se fosse um grande estilista.

Mais três ou quatro aberturas no armário e pronto, barulhos de cabides se acotovelando, como se quisessem sair de dentro do guarda-roupa para aproveitar o passeio da noite e lá está a grande dama do baile, em seu vestido negro novíssimo pronta para o combate.

– Vamos? ? diz decidida para o seu escudeiro armado com o controle remoto da TV e olhar perdido na programação.
– Pois não madame. ? ironiza.

O escudeiro dá aquela leve ajeitada na gravata, pega a chave do carro e escolta a grande dama para os seus minutos de glória.

Ao final da noite tudo volta a ser abóbora, a maquiagem se vai junto com as lágrimas, as meias se rasgam e a dor nos pés se faz presente. Mais uma batalha vencida.

O vestido volta para o armário até o próximo embate e o que sobrou da maquiagem se vai junto com lenços umidecidos.

Mulheres, essa magia é o que faz serem tão maravilhosas.

Maldita fruteira

Maldita fruteira

  (Tela de Aldemir Martins 1995) 

Minha mulher pegou um cupom na mesa da sala e se dirigiu ao quarto. Nessa mesa reside uma fruteira enorme de fino cristal, cheia de frutas de vidro e lascas de madeira aromatizadas ornamentando um espaço que, em minha opinião poderia ser ocupado com algo muito melhor.

Alias sendo mais realista, fino cristal coisa nenhuma, vidro mesmo e por falar nisso pra que serve uma fruteira na sala? Segundo o dicionário uma fruteira é um recipiente para guardar frutas. Bingo!!!! A descrição bate com o dicionário, realmente é uma fruteira. Embora as frutas sejam de vidro, sem dúvida nenhuma é uma fruteira.

Já insisti várias vezes com a dama que aqui mora sobre a utilidade de tal utensílio aqui em casa e ainda por cima na mesa da sala, onde já se viu. No meu entender um dispositivo para guardar frutas deve ficar onde as frutas estão, ou seja, na cozinha. No entanto, como tenho fama de ser azedo como vinagre, meus comentários não passaram de chateação e a queixa foi registrada a lápis no livro de reclamações aqui da casa, com certeza foi arquivada.

Antes que seja condenado como um sujeito desumano que não se preocupa com o bem estar de frutas e legumes, e ainda por cima tenta retirar-lhes o teto, ressalto que lugar de fruta é na geladeira. Este sim é um ambiente adequado. Na geladeira as cores são mantidas, o aroma permanece por mais tempo, e o que dizer de saborear uma maçã bem geladinha, garanto que não há prazer igual para os apreciadores da espécie.

Mas na sala não dá, já sei. Vou propor um acordo, colocarei a fruteira e as frutas dentro da geladeira, assim acabam-se os problemas e eu ganho todo aquele espaço maravilhoso sobre a mesa para itens, digamos, mais nobres como uma estátua, um lindo vaso, a pasta de trabalho, chaves e etc…

As frutas de vidro e lascas aromáticas que me desculpem, mas assim como a fruteira terão de procurar um local onde melhor se encaixem.