Campos do Jordão fora de estação

O projeto de viver as férias em duas rodas fracassou, na quinta-feira do dia 28, estava indo para Campos do Jordão. Equipamentos a postos e o paramento adequado  para a viagem, quando em uma parada estratégica no Frango Assado da Rodovia Carvalho Pinto a moto não pegou mais.

Pane Elétrica no Frango Assado

Voltei para São Paulo com a moto no guincho e eu na boleia do caminhão

Meu  orgulho estava em frangalhos e terrivelmente frustrado, embora o Marcos e o Lima do Grupo Izzo sempre me atendessem muito bem. Eu sei que qualquer problema com a moto, pode significar até 4 meses de molho devido a peças e burocracias.

Até o momento ainda não tive uma estimativa real de prazo para resolver o problema. Retificador da Bateria.  O mesmo que aconteceu com a moto do Yuri e de outros proprietários que conheci pela internet, está faltando planejamento no Grupo Izzo para manter essas peças em estoque por aqui no Brasil, o problema com o Retificar da Bateria é mundial sites internacionais, comentam sobre isso.

Na terça-feira, quase uma semana depois, resolvi as minhas últimas pendências em São Paulo e engoli o que restava do meu orgulho e cai na estrada com um par de rodas a mais.

Fiz questão de parar no Frango Assado e tomar um refrigerante como se fosse pra tirar o agouro de ter ficado parado na estrada, só que dessa vez de carro.

Já em Campos do Jordão, procurei um hotel pra ficar, o que numa terça-feira inicio de março, foi ridiculamente fácil, além de escolher, dava até pra negociar o preço, como não estava tendendo a altos passeios, procurei o que havia de mais próximo de Capivari, e o Hotel Estoril fica bem no centro, além dos quartos terem varanda coisa que eu simplesmente adoro.

Tomei um chopp no Baden Baden para celebrar a chegada e a paz do local.

Chopp no Baden Baden

Incrível como Campos do Jordão fora de temporada é tranqüilo, o silêncio nas ruas e a paz do local são coisas raras de se ver para um morador da capital paulista como eu, ainda mais depois de ter caminhado a Avenida Paulista inteira hoje pela manhã.

Dei uma volta no centrinho de Capivari, as 18:00 hrs as lojas começaram a fechar, mas também não me preocupei, se fosse fazer compras  na terça-feira não teria o que fazer na quarta-feira.

Entrei na Igreja de S. Benedito, há muito tempo não fazia isso. Embora com toda uma opinião formada sobre a Igreja Católica templos como este ainda são lugares de reflexão e nesses momentos solitários conversar com Deus ainda é uma boa. Ajoelhei-me em sinal de respeito e conversamos brevemente, na verdade dei uma de visitante ingrato que há tempos não aparece e quando aparece resolve pedir e cobrar algumas dívidas. Acho que vou voltar lá amanhã. Quem sabe até uma missa. Sinto que o assunto não está terminado. Vamos ver….

Enfim Férias

Parada no Posto Borsatto

Nunca fui muito bom em fazer coisas sem muita programação ou planejamento, mas cada vez que tiro férias, tento obstinadamente  deixar a vida seguir seu curso sem muita interferência. Em outras palavras tento não atrapalhar o curso regular da vida e dos fatos.

A programação das férias para esse ano já começaram aparentemente de maneira desordenada, acabei fracionando minhas férias em duas metades, coisa que nos últimos 7 anos nunca aconteceu.  Não havia outra alternativa, uma nova equipe estava sendo montada no trabalho uma auditoria estava para acontecer e eu não poderia me afastar por tanto tempo. A correria no trabalho de minha mulher também indicava que esse ano não conseguiríamos tirar férias juntos.

Não havia feito planos, porém sabia de uma única coisa. A vida seria em duas rodas.

Na segunda-feira fiz os preparativos para aquilo que seria a minha primeira viagem em duas rodas de longa duração. O Destino a cidade de Itararé, fronteira de São Paulo com o Paraná, noroeste de São Paulo.

A última vez que fui pra lá a estava perfeita em todo o trajeto, não existe convite melhor para colocar a moto pra rodar.

 Instalei os alforjes na moto e dei algumas voltas na cidade para verificar como ele se comportava.

Motos feitas 100% para velocidade como a Daytona não vêem preparadas para carregar bagagens, mas os alforjes se acomodaram bem.

Separei um kit de roupas e distrações que julgava adequado (livros e notebooks). Na terça-feira, abasteci a moto e rumei para a Rodovia Castelo Branco.

O clima estava ótimo e o trânsito tranqüilo, aos poucos me afastava da capital o sol no verde das plantações e nas poucas áreas de florestas que ainda existem, trazia um certo ar de tranqüilidade.

A Daytona avançava a 130, 140 como se estivesse voando, o motor roncava em um ritmo constante, mesmo de jaqueta e os equipamentos de segurança a sensação de liberdade é fascinante.

A única preocupação era com o consumo, motos como a Daytona não são feitas para viagens a grandes distância e até por questões de conforto recomenda-se uma parada a cada 150 quilômetros.

Saí da Rodovia Castelo Branco e peguei um ramal no município de Tatuí que liga a Castelo Branco a Raposo Tavares. Do ponto mais alto do ramal dava pra se ver extensas plantações, uma imensidão verde que define a principal característica agrícola do nosso país.

A parada estava programada para o posto Borsatto na Rodovia Raposo Tavares, a 150 quilômetros de distância da origem da jornada, bem no final do ramal.

Como de costume comi um pão-de-queijo e uma coca-cola. Abasteci a moto e toquei para o destino Itararé, mais 180 quilômetros de jornada.

A Daytona passava pela Raposo Tavares e suas curvas como se nada mais existisse na sua frente, os 125 cavalos do motor de três cilindros e 675 cilindradas, trabalhavam com folga entre 6000 e 8000 giros, nem o arrasto aerodinâmico provocado pelos alforjes era notado.

Em Capão Bonito cheguei a última etapa da viagem, a estrada que liga a Raposo Tavares ao Paraná, e passa por Itararé, os últimos 100 quilômetros que faltavam.

A única insegurança era quanto ao consumo, embora o computador da Daytona marcasse um consumo médio de 18 km/l ou 5,5 L/Km, ter uma pane seca todo carregado e sozinho não seria nada agradável.

Procurei decorar os números do socorro da Via SP, concessionária que explora e conserva as estradas da região e justiça seja feita, muito bem conservadas.

A chegada em Itararé foi emocionante, sucesso da primeira jornada, procurei o marco da cidade para tirar fotografias, mas como estava no meio de muita grama tive receio de ficar preso com a moto ali no meio.

Rumei para a casa da família de minha esposa, a lisura do asfalto nos 350 km que separam a São Paulo de Itararé, não se comparam com a terrível buraqueira na entrada de Itararé.

Passei a noite na casa e no dia seguinte voltei para São Paulo, o caminho é sempre melhor que a estalagem, para quem tem o espírito andante como diz minha avó e a estrada estava me chamando de volta.