Mais um dia

Parece papo de espiritualistas, mas em parte é verdade.

Acordei hoje com aquela famosa dúvida. O que é que eu vou fazer hoje????

Pra não perder o costuma dei uma olhada no jornal e li meus e-mails. Paguei algumas contas e fui levar o lixo reciclável até o Pão de Açúcar Supermercado,  já que o prédio não conta com coleta de lixo seletiva.

Sem mais nada pra fazer e sem nenhuma vontade de ficar em casa, desci ao Térreo para continuar minha leitura, boa desculpa pra ver movimento e gente nova. Labirinto um livro da Kate Moss muito bom, do tipo que prende o leitor.

Saí para almoçar a idéia era comer em algum lugar desde que fosse a pé, estar em casa tudo bem, mas pelo menos algum tipo de exercício eu tinha que fazer.

Fui caminhando até a Rua Diana, tem uma casa de espetinho muito boa por lá, a esperança era encontrá-la aberta.

Nada, bati com a cara na porta e pra não perder a viagem continuei andando sem rumo. Alias pra quem não tem rumo qualquer caminho é uma viagem.

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Fui até o restaurante Alemão da Sumaré, Bier & Bier. Um garçom com um misto de agitação e má vontade me recebeu arremessando o prato e o cardápio na mesa.

Por sorte logo em seguida outros vieram retirar o pedido e retirar a impressão inicial do atendimento meia-boca.

O prato estava muito bom, Hamburguer Steak, vale a pena pedir, vem com ovo, cebola frita e batata.

Pedi a conta, o café seria no Treviolo, do outro lado da avenida.

Atravessei a avenida, o café que estava bombando. Me senti um alienígena.  Em plena segunda-feira todo mundo super arrumado e eu…. de férias. Bermuda, camiseta e tênis.

Fazia tempos que queria conhecer a casa, e ao que parece o pessoal vai almoçar por lá.

Sentei na varanda contemplando o movimento da avenida. Cinco operários tentavam a todo custo mover uma caçamba de entulhos de lugar. O desafio deles virou meu passatempo. Parecia impossível… Mas nada como a experiência histórica…. Um deles usou uma das invenções mais antigas da humanidade. Toras de rolagem,  colocaram 2 toras sob a caçamba e fizeram-na rolar sobre elas, problema resolvido, junto com o café.

Voltei caminhando até o Parque da Água-Branca, construíram um aquário bem bacana por lá, somente com peixes da nossa fauna.

Parei na praça de leitura e continuei com meu livro, há uma grande paz nesse parque durante a semana.

Voltei para casa… Talvez esse realmente tenha sido o meu primeiro dia de férias.

Enfim Férias

Parada no Posto Borsatto

Nunca fui muito bom em fazer coisas sem muita programação ou planejamento, mas cada vez que tiro férias, tento obstinadamente  deixar a vida seguir seu curso sem muita interferência. Em outras palavras tento não atrapalhar o curso regular da vida e dos fatos.

A programação das férias para esse ano já começaram aparentemente de maneira desordenada, acabei fracionando minhas férias em duas metades, coisa que nos últimos 7 anos nunca aconteceu.  Não havia outra alternativa, uma nova equipe estava sendo montada no trabalho uma auditoria estava para acontecer e eu não poderia me afastar por tanto tempo. A correria no trabalho de minha mulher também indicava que esse ano não conseguiríamos tirar férias juntos.

Não havia feito planos, porém sabia de uma única coisa. A vida seria em duas rodas.

Na segunda-feira fiz os preparativos para aquilo que seria a minha primeira viagem em duas rodas de longa duração. O Destino a cidade de Itararé, fronteira de São Paulo com o Paraná, noroeste de São Paulo.

A última vez que fui pra lá a estava perfeita em todo o trajeto, não existe convite melhor para colocar a moto pra rodar.

 Instalei os alforjes na moto e dei algumas voltas na cidade para verificar como ele se comportava.

Motos feitas 100% para velocidade como a Daytona não vêem preparadas para carregar bagagens, mas os alforjes se acomodaram bem.

Separei um kit de roupas e distrações que julgava adequado (livros e notebooks). Na terça-feira, abasteci a moto e rumei para a Rodovia Castelo Branco.

O clima estava ótimo e o trânsito tranqüilo, aos poucos me afastava da capital o sol no verde das plantações e nas poucas áreas de florestas que ainda existem, trazia um certo ar de tranqüilidade.

A Daytona avançava a 130, 140 como se estivesse voando, o motor roncava em um ritmo constante, mesmo de jaqueta e os equipamentos de segurança a sensação de liberdade é fascinante.

A única preocupação era com o consumo, motos como a Daytona não são feitas para viagens a grandes distância e até por questões de conforto recomenda-se uma parada a cada 150 quilômetros.

Saí da Rodovia Castelo Branco e peguei um ramal no município de Tatuí que liga a Castelo Branco a Raposo Tavares. Do ponto mais alto do ramal dava pra se ver extensas plantações, uma imensidão verde que define a principal característica agrícola do nosso país.

A parada estava programada para o posto Borsatto na Rodovia Raposo Tavares, a 150 quilômetros de distância da origem da jornada, bem no final do ramal.

Como de costume comi um pão-de-queijo e uma coca-cola. Abasteci a moto e toquei para o destino Itararé, mais 180 quilômetros de jornada.

A Daytona passava pela Raposo Tavares e suas curvas como se nada mais existisse na sua frente, os 125 cavalos do motor de três cilindros e 675 cilindradas, trabalhavam com folga entre 6000 e 8000 giros, nem o arrasto aerodinâmico provocado pelos alforjes era notado.

Em Capão Bonito cheguei a última etapa da viagem, a estrada que liga a Raposo Tavares ao Paraná, e passa por Itararé, os últimos 100 quilômetros que faltavam.

A única insegurança era quanto ao consumo, embora o computador da Daytona marcasse um consumo médio de 18 km/l ou 5,5 L/Km, ter uma pane seca todo carregado e sozinho não seria nada agradável.

Procurei decorar os números do socorro da Via SP, concessionária que explora e conserva as estradas da região e justiça seja feita, muito bem conservadas.

A chegada em Itararé foi emocionante, sucesso da primeira jornada, procurei o marco da cidade para tirar fotografias, mas como estava no meio de muita grama tive receio de ficar preso com a moto ali no meio.

Rumei para a casa da família de minha esposa, a lisura do asfalto nos 350 km que separam a São Paulo de Itararé, não se comparam com a terrível buraqueira na entrada de Itararé.

Passei a noite na casa e no dia seguinte voltei para São Paulo, o caminho é sempre melhor que a estalagem, para quem tem o espírito andante como diz minha avó e a estrada estava me chamando de volta.

Preparativos para um casamento

Para uma mulher os preparativos para ir a uma festa de casamento são semelhantes aos preparativos para uma peleja.

As mulheres correm aos salões de cabelereiro e uma grande transformação é feita, cabelos, olhos, bocas tomam novas cores e até peitos ganham novas dimensões.Vestidos longos são tirados dos armários juntamente com todo um conto de fadas, castelos, principes e festas, tudo isso em meio a fumaça e a correria do século XXI.

A sortuda classe masculina, que durante séculos vem se mantendo afastada de grandes produções como essa, apenas senta-se em frente a televisão já com o básico terno e grava e vê passar apressadamente de um lado para o outro as peças de um quebra-cabeça que dará novo visual a mesma mulher.

Vez por outra um ou outro questionamento é feito sempre em busca de uma resposta posítiva.

? Viu meu vestido novo? ­? pergunta.
– Claro.
– O que acho? ? buscando a certeza de que a peça agora pendurada no mancebo era a essencia de toda a produção.
– Bonito. ? respondi, como se falasse de um carro de 3 anos atras.
– Você está falando sério ? ? pergunta como se tivesse visto até o ano do carro na minha resposta.
– Claro que estou. ? agora muito mais convincente como se fosse um grande estilista.

Mais três ou quatro aberturas no armário e pronto, barulhos de cabides se acotovelando, como se quisessem sair de dentro do guarda-roupa para aproveitar o passeio da noite e lá está a grande dama do baile, em seu vestido negro novíssimo pronta para o combate.

– Vamos? ? diz decidida para o seu escudeiro armado com o controle remoto da TV e olhar perdido na programação.
– Pois não madame. ? ironiza.

O escudeiro dá aquela leve ajeitada na gravata, pega a chave do carro e escolta a grande dama para os seus minutos de glória.

Ao final da noite tudo volta a ser abóbora, a maquiagem se vai junto com as lágrimas, as meias se rasgam e a dor nos pés se faz presente. Mais uma batalha vencida.

O vestido volta para o armário até o próximo embate e o que sobrou da maquiagem se vai junto com lenços umidecidos.

Mulheres, essa magia é o que faz serem tão maravilhosas.

Maldita fruteira

Maldita fruteira

  (Tela de Aldemir Martins 1995) 

Minha mulher pegou um cupom na mesa da sala e se dirigiu ao quarto. Nessa mesa reside uma fruteira enorme de fino cristal, cheia de frutas de vidro e lascas de madeira aromatizadas ornamentando um espaço que, em minha opinião poderia ser ocupado com algo muito melhor.

Alias sendo mais realista, fino cristal coisa nenhuma, vidro mesmo e por falar nisso pra que serve uma fruteira na sala? Segundo o dicionário uma fruteira é um recipiente para guardar frutas. Bingo!!!! A descrição bate com o dicionário, realmente é uma fruteira. Embora as frutas sejam de vidro, sem dúvida nenhuma é uma fruteira.

Já insisti várias vezes com a dama que aqui mora sobre a utilidade de tal utensílio aqui em casa e ainda por cima na mesa da sala, onde já se viu. No meu entender um dispositivo para guardar frutas deve ficar onde as frutas estão, ou seja, na cozinha. No entanto, como tenho fama de ser azedo como vinagre, meus comentários não passaram de chateação e a queixa foi registrada a lápis no livro de reclamações aqui da casa, com certeza foi arquivada.

Antes que seja condenado como um sujeito desumano que não se preocupa com o bem estar de frutas e legumes, e ainda por cima tenta retirar-lhes o teto, ressalto que lugar de fruta é na geladeira. Este sim é um ambiente adequado. Na geladeira as cores são mantidas, o aroma permanece por mais tempo, e o que dizer de saborear uma maçã bem geladinha, garanto que não há prazer igual para os apreciadores da espécie.

Mas na sala não dá, já sei. Vou propor um acordo, colocarei a fruteira e as frutas dentro da geladeira, assim acabam-se os problemas e eu ganho todo aquele espaço maravilhoso sobre a mesa para itens, digamos, mais nobres como uma estátua, um lindo vaso, a pasta de trabalho, chaves e etc…

As frutas de vidro e lascas aromáticas que me desculpem, mas assim como a fruteira terão de procurar um local onde melhor se encaixem.

Vermelho sob o sol de outono

27/05/2006

Vermelho sob o sol de outono

Olhou como quem buscava, viu o que queria, pensou no melhor dos mundos.

O que haverá no interior daquele emaranhado vermelho sob os olhos azuis profundos que me possa fazer feliz, bem feliz, imaginou com seu zíper, já que não usava botões?

Nada demais, nem de menos, por favor, que os excessos, inclusive de faltas, já tomaram muito espaço, e chegou a hora de dar um basta.

Um pouco de normalidade criativa, de tranqüilidade transgressora e quem sabe uma boa tarde rolando pra lá e pra cá.

Foi assim, com o espírito desarmado, que pensou em se jogar _para fora de um círculo vicioso de desculpas e favores, para dentro de uma nova nuvem branca que estava passando desavisada.

Mas sempre há uma certa ansiedade, um pouco de medo de: a) demorar demais para se jogar e a nuvem ir embora; b) se jogar e haver uma pedra de granizo dentro da maciez aparente.

Mas a vida é assim, meu velho, há que se decidir e ir em frente porque atrás vem gente. “Atrás/ na frente/ em cima/ embaixo/ entre”, cantarolou já praticamente decidido a ir lá e mandar um “dá licença, posso sentir o cheiro dos seus cabelos?”

Sim, acreditou, haverá afinidades, amigos comuns, vontade de comer carambola, vinho tinto cabernet sauvignon, Jack Johnson e Pretenders, até mesmo uma ou outra coisa do Rei.

Quem sabe vontade de viajar no fim de semana apostando que o sol vai sair apesar do frio, fazer yoga no gramado, tomar banho de rio, sentir cheiro de madeira queimando na lareira e achar que a vida, sim, vale a pena, na medida mesma do tamanho das almas envolvidas.

Vamos nessa?

Foi.

Foi e viu que nada como um dia depois do outro (a mãe estava como sempre certa…), assim como quem espera sempre alcança (outra dela, mãe).

Foi e redescobriu que detestava gente viciada em estresse, que workaholic é uma pessoa doente, que a inquietação nem sempre é sinônimo de criatividade e êxito.

Ou seja, quis, e assim o fez, deixar para trás tudo o que se convertera, nos últimos tempos, numa verdadeira corrida de obstáculos em direção ao nada.

Para flanar, e assim também o fez com empenho, na superfície plana e macia de um ventre ligeiramente eriçado.

Achando, e isso era de fato instigante, que até dava para ser feliz com alguém.

Luiz Caversan, 50, é jornalista. Foi repórter especial e diretor da Sucursal do Rio da Folha. Escreve crônicas sobre cultura, política e comportamento aos sábados para a Folha Online.E-mail: caversan@uol.com.br

Individualidade e Indivisibilidade

Individualidade e Indivisibilidade

Poucas paisagens eram tão agradáveis pra mim quanto olhar o por do sol de verão do último andar do prédio novo da PUC de São Paulo.

Por uma feliz coincidência do destino existem poucos prédios na frente e por um acaso mais feliz ainda, é possível se ver ao longe a Zona Oeste de São Paulo e um pedaço da Zona Norte.

Conforme a noite chegava pouco a pouco, as luzes da cidade começavam a se acender, e é era possível ver a distância, aquilo que o dia tornava indiferente. Pensava comigo, em cada luz daquela existem uma ou mais pessoas, com idéias tão exclusivas quanto as minhas, com um olhar tão diferenciado quanto o meu sobre as coisas do mundo.

Em cada uma daquelas luzes existem pessoas, com as idéias mais iluminadas e sinistras do mundo, em cada uma daquelas luzes existem um ou mais mundos com alegrias, tristezas, medos, sonhos e esperanças. E até mesmo do alto de algum outro prédio na Zona Oeste, esteja alguém venho ao longe a estranha forma do chamado prédio novo da PUC e pensando da mesma forma que eu.

Essa individualidade é o que torna essa espécie humana tão fascinante, bilhões de seres humanos, reagindo a trilhões de impressões todos os dias, todos os instantes, encaixadas em moldes ora largos, ora justos demais que regulam atividades, relacionamentos e linhas de conduta.

Existe uma tendência muito grande a comparar pessoas com grãos de areia, acho matéria muito inerte, não gosto da comparação. Prefiro compará-las a representação da água em estado de ebulição, onde nos desenhos de escola víamos átomos ensandecidos, colidindo com a parede de recipientes imagináveis numa agitação frenética. As pessoas são assim, experimente tirar a forma e o padrão e veremos como essas idéias perdem o controle. Tiramos o recipiente imaginário, os átomos se dispersariam, nós também.

Palavras negativas, Pensamentos negativos, Vidas negativas.

“O Cara” é o pai de toda a conspiração e provavelmente o destino da vida deles está em suas mãos.

É impressionante como falar mal das pessoas rende. Rende horas de papo, suposições, conspirações, conchavos.

Experimente o inverso, já fiz esse teste. Durou cinco minutos porque foi o tempo que a pessoa precisou pra dizer: “O Cara” é legal.

Mas como o que rende é falar mal, vamos falar mal sobre falar mal. Meter a boca na vida alheia ou no alheio é o ópio do povo, impressionante. Ta estressado no trabalho, nada como uma boa roda na hora do almoço para meter a boca em alguém. Vamos chamar esse alguém daqui pra frente de “O Cara”.

Começa sempre com um – você viu o que “O Cara” falou? OU ? você viu o que “O Cara” fez. Pronto, nesse ponto o interlocutor já conseguiu ganhar a atenção da platéia, é como se todo mundo já estivesse esperando a desgraça sair da boca do sujeito e preencher a carência de catástrofe dos demais.

Depois do evento narrado, vem sempre aquele com cara de conteúdo dizendo ? Ahhh, é por isso que…. – Ou então ? Eu sabia que isso ia acontecer quando.

Depois de todos chegarem às conclusões vem a consumação de que “O Cara” é o pai de toda a conspiração e que provavelmente o destino da vida deles está em suas mãos.

O próximo passo é começar a bolar planos para impedir que “O Cara” domine o mundo (diga-se de passagem ele nem sabe que está tentando dominar) e transforme todos eles em escravos zumbis. Aí, chega a hora de voltar a realidade e voltar ao convívio com ?O Cara?. Só que a essa hora estão todos tão cheios do “O Cara” que nem mesmo dá pra olhar pra ele, que dirá cumprimentá-lo, ajudá-lo ou etc…. Em um almoço “O Cara” foi, julgado e sentenciado ao exílio. E a situação que era apenas uma situação virou um outro fato.

Quantas vezes isso acontece por dia, quantas vezes, essas rodinhas negativas crucificam pessoas, que às vezes só estavam trabalhando, só estavam conversando, só estavam viajando, só estavam fazendo aquilo que deveriam fazer e ninguém mais tem a ver com isso.

Devemos ter cuidados antes de fazer julgamentos rápidos. Ou somente tentar falar negativamente de quem está presente para se defender.

– Grandes pessoas falam sobre idéias.
– Pessoas medíocres falam sobre coisas.
– Pessoas pequenas falam sobre pessoas.

Luzes na Estrada

Viajei muito com meus pais, principalmente quando tinha a idade na qual 30 km de distância era uma longa viagem e a sensação era de que iria conhecer uma outra galáxia. De certa forma naquela idade realmente eu estava descobrindo um mundo novo como toda criança.

O tempo passa e as distâncias ficam menores, o mundo fica incrivelmente menor depois que você passa mais de 10 horas abordo de um avião.

Daquela época, nos prelúdios da consciência que tenho agora, trago a imagem das luzes que despontavam com a chegada do noturno, luzes distantes no meio do nada, no meio do mato. Aquela luzinha que você vê da estrada.

E ficava imaginando como ainda fico, como será a vida daquelas pessoas, o que elas comem, como elas chegam lá, o que fazem?

Como será a realidade daquelas pessoas? Realidade, talvez seja a palavra mais ardilosa que existe. Assim como a maior façanha do diabo foi provar para todo mundo que ele nunca existiu, a da realidade talvez seja a de forçamos a acreditar que o que vemos é o real e o normal.

Pare e veja a sua vida, se você lê esse texto, você provavelmente estará utilizando a internet, milhões de pessoas conectadas por meio de fios umas as outras. Agora pare, e volte naquela casinha no meio do nada. Será que podemos dizer que é a mesma realidade? Talvez quem more lá nunca tenha visto um computador, e não tenha a mais pálida idéia do que seja internet. Alias talvez ele não tenha a mais pálida idéia de muitas coisas que nem damos mais importâncias por terem se tornado banalidades na nossa vida. Como um chuveiro, por exemplo ou uma fruteira na sala de jantar.

Mas a realidade segundo a própria realidade, é aquilo que realmente existe, é o fato, é o real. Só que para sabermos se algo é real, precisamos conhecê-lo ou simplesmente aceitar sua existência. Dessa forma lhes apresento outro paradoxo.

Se aquilo que é real pertence somente ao que conhecemos, então acabamos de popular o mundo com bilhões de coadjuvantes que apenas passam pela sua vida. Como alguém que atravessa a rua na sua frente.

Se olharmos do ponto de vista do aceitar, vamos nos perder em um emaranhado de subjetividades pessoais, onde mitologia e sonho podem tomar forma no suposto mundo real.
De qualquer forma a realidade é algo tão frágil que não sobrevive a um porque. Comece a perguntar o porque das coisas e verá que mundo novo e maravilhoso existe a sua volta. Ou não…..